Wednesday, March 26, 2008

E o que nós vamos fazer com o visto?

Essa é a dúvida do Edu, do Picolé Carioca (Pô, Edu, da próxima vez pergunta alguma coisa mais fácil, tipo, "como eu faço pra imigrar pro Canadá?" - rs!). Isso porque a gente já esteve conversando com ele e com a Andréa e eles já devem ter percebido a nossa, digamos, "incerteza".

Primeiro de tudo, nós dois queremos, sim, ir pro Canadá. Só que o marido e eu temos funcionamentos bem diferentes e nos dedicamos em profundidades diferentes aos nossos desejos. Enquanto eu mergulho fundo e sou ultra determinada, sempre me programando, ele é 100% racional (o que não significa que eu não seja, mas eu sou emocional também), muito menos ansioso e bem mais, digamos, prudente. É assim: se antes de dormir nós conversamos sobre, quem sabe, viajar no próximo feriado para não-sei-onde, no dia seguinte, ao meio-dia, eu já tenho os valores das passagens aéreas, algumas opções de pacotes e mando tudo para ele por e-mail para aprovar ou não. E quase tudo o que eu digo e combino, por mais corriqueiro que possa parecer, "I mean it", ou seja, eu estou falando sério e acreditando naquilo. Já ele, toma "decisões" que, na verdade, fazem parte das ponderações para saber se é aquilo mesmo ou não. Desde pequena, surpreendia meus pais com recortes do Balcão de produtos que eu queria, quando eles chegavam em casa, eu já tinha feito as ligações e anotado todos os detalhes ao lado dos anúncios (foi assim que eu consegui meus hamsters, cachorros, aquários, ...). Às vezes, eles sequer sabiam que eu estava pensando em ter um bichinho...

Em relação ao Canadá, não somos diferentes. Enquanto eu passo boas horas do meu dia pesquisando nossas opções, possibilidades de empregos, estudos, etc, ele raramente vê alguma coisa sobre isso. Nossa conversa à noite costuma ser eu falando o que descobri de novo sobre o país e ele pensando em trocar o rack lá de casa, ou falando da reunião que terá no dia seguinte. Quem vê deve até pensar que só eu quero ir, mas não é bem assim, ele também quer. Aliás, a idéia inicial foi dele, já que nunca tinha passado na minha cabeça sair do país para sempre.

Nossa grande questão, e o que deve ter despertado a dúvida do Edu, é quando ir (e, claro, pra onde ir). Por mim, eu já estaria me organizando para ir assim que o visto saísse. Já ele, esperaria bastante tempo para juntar mais dinheiro e ter mais certeza. No final do ano passado, quando estávamos conversando sobre engravidar (e quando), eu deixei a decisão nas mãos dele. E aí, ele pegou um papel e fez uma planilha (isso mesmo!), colocando as opções de data de ida, a perspectiva de quando conseguiríamos um emprego, quanto dinheiro teríamos até a ida para gastarmos até o primeiro salário canadense e, então, quando o neném viria. Depois de tudo analisado, ele decidiu que setembro era o "mês D" e que até lá poderíamos juntar mais um dinheiro para podermos ficar mais tranquilos em relação a uma possível demora para conseguir um emprego e aí, segundo a tabela, eu engravidaria em dezembro (quer dizer, começaríamos as tentativas), já em terra canadense, com ou sem emprego (Ok, essa última parte terá que ser revista mais pra frente, eu sei - mas não contem pra ele!).

Eu fico angustiada diante da possibilidade de setembro chegar e ele preferir esperar mais, mas tudo o que posso fazer é aguardar e passar confiança a ele. A maior questão pra o marido é o emprego, na verdade, o dinheiro. Ele topa ir pra outra área, até ser taxista ele disse que seria, mas fica preocupado de não conseguir ter dinheiro suficiente para ter tranquilidade financeira. Eu entendo, porque, afinal, ele tem muito a mais perder aqui do que eu. Ele está num ótimo emprego, fazendo o que gosta e numa empresa muito boa. Tem um bom salário, colegas de trabalho com quem ele se dá bem e ainda tem essas viagens a trabalho "chatas", tipo a que ele vai fazer essa semana para Seattle. Abrir mão disso por uma incerteza é um grande passo.

Já eu, sou funcionária pública estável, ou seja, posso pedir licença sem remuneração. Quer dizer, pelo que eu tenho visto, dificilmente vou conseguir essa licença, mas tenho direito a pleiteá-la. Meu salário é bom em comparação com outras pessoas, mas não é o salário que eu espero ter como um projeto de vida, já que meu cargo é nivel médio e não superior. Fora isso, eu detesto trabalhar aqui e não vejo a hora de sair.

Ir pro Canadá logo significa chegar logo ao "meu futuro". Começar logo a estudar o que tiver que estudar, melhorar a língua, me adaptar. Pra ele, ir pro Canadá logo significa deixar de ter a vida que ele quer ter (em questão de trabalho e dinheiro), tendo que voltar a batalhar pra tentar, quem sabe, chegar lá de novo. A minha batalha, aqui no Brasil, começaria agora (já que me formei há pouco tempo), mas foi suspensa tendo em vista os planos de imigração.

Ele já me garantiu quinhentas mil vezes que iremos em setembro. Então, sem mais delongas, eis a resposta para a pergunta do título:

"Quando o visto sair, vamos começar a procurar emprego pela internet. Se conseguirmos alguma coisa, ótimo, vamos pra onde for, a hora que tiver que ir. Não conseguindo, vamos em setembro e, ao que tudo indica, com destino a Halifax. E, se tudo correr bem, quem sabe - não custa sonhar -, o herdeiro será encomendado em dezembro".

(E aí está o nosso futuro em um parágrafo - rs!)

9 comments:

Sandro e Família said...

Camila

Muito bom o post retratando um pouco o que todos nós estamos sentindo durante o processo.
A divisão da razão e da emoção ajuda bastante no início de uma nova vida longe do nosso ninho.

Independente da decisão estaremos na torcida para que tudo finalize o quanto antes e se a escolha for Halifax, teremos um ótimo motivo para conhecer a cidade quando nascer o herdeiro ou herdeira.

Abração

Anonymous said...

A maneira como vc se definiu parece muito comigo, o modo de pensar e agir.Ta difícil segurar a barra, é uma msitura de sentimentos que so quem passa por esse processo, demorado, saberá entender.Take it easy!Os exames estão chegando.
Quem sabe vamos pegar o avião juntas,rs, tb pensamos em ir em set.

bjo!

Glau said...

Oi K, tudo bem? Lendo esse seu post me identifiquei muito pois parece que sou eu escrevendo! Nossa situação é muito parecida, inclusive o trabalho de cada um e as expectativas de gravidez rsrs... a separação das "funções" de cada um no processo de imigração então... não se assuste, seu marido não é o unico a fazer mil planilhas, e eu sou a super hiper mega informada que conta as novidades no final do dia pro marido... rsrsr...aliás, seu blog me ajuda muito, obrigada!
Boa sorte com tudo!
Beijos,
Gláu

Anonymous said...

Acho que você escreveu o que todo mundo sente em um momento ou outro mas acaba não colocando em palavras, sabe? Dá pra entender totalmente a situação do seu marido... Na verdade, muitos dos que decidem imigrar têm uma situação de vida relativamente confortável, certo? - quem mais pode arcar com todo o custo e desgaste do processo??? Mas a vontade de viver outra coisa, de conhecer outro mundo é o que faz a gente sair da zona de conforto. O recomeço não é fácil e tem que estar ciente que de poderá abrir mão de muitos confortos mas na minha opinião acaba valendo a pena a longo prazo. Sei lá. Só o tempo vai dizer... De qualquer forma, força aí que logo logo o visto chega! ;-)

:: ultranol :: said...

É foda... vc resumiu em poucas palavras o que eu penso exatamente: quero que nosso futuro comece logo!
Valeu pela dica das autenticações... é que sabe como é, eu leio e entendo uma coisa, a esposa entende outra... resolvemos perguntar pra quem já passou por isso. Hoje estamos postando tudo nos correios. Dá-lhe mais uns bons meses de ESPERA...

Sergio said...

Aqui em casa, eu e o Sergio lemos muito e passamos o dia mandando links por e-mail um pro outro. Como ele nao pode abrir blogs no trabalho as vezes eu mando alguns posts no e-mail pra ele. Eu sou bem mais ansiosa e fico me torturando as vezes de que as coisas não vão dar certo. O Sergio já é mais tranquilo e prefere não sofrer por antecipação. No final todo mundo está desesperado pra ir embora logo, né? Eu tinha muitas esperanças de que até o meio do ano estivessemos com os vistos mas já estou conformada. A única coisa que combinamos foi que não iremos no inverno. Caso os vistos cheguem a partir de novembro, vamos esperar até março do ano que vem pra embarcar. Posso estar enganada mas tenho a impressão de que será muito sofrido para nós procurar casa, comprar moveis e roupas, correr atrás da parte burocrática com 3 crianças pequenas no frio. Eu fico bem desanimada em imaginar que talvez só chegaremos no Canada em 2009, mas tenho que pensar nas crianças.

De qualquer forma podemos deixar marcado um encontro para as minhas crianças conhecerem o seu bebê canadense!

bjs
Marilena

K said...

Comentário geral: Muito bom saber que não estou sozinha nessa angústia e que esses conflitos internos são comuns. Fica mais fácil lidar com eles assim.

Sandro e Marilena, vocês serão muito bem-vindos na nossa casa, onde quer que seja, e vamos querer retribuir a visita :)

Beijos,

K.

Rogério said...

Para nós, enquanto o meu trabalho deu uma parada, quase que durante o dia todo "fico" no Canadá, rs...

Acho que passei por um momento semelhante ao teu, quando depois de 11 anos pedi exoneração do cargo público que ocupava. Para fala a verdade, me arrependi de não ter feito isto antes!!! Me senti livre de uma coisa que me chateava e jogava para baixo!

Mas enfim, quando lá em casa falamos em nova vida, realmente acreditamos nisto! Buscaremos uma nova vida em terras canadenses pois teremos uma nova oportunidade!!!

Para se ter uma idéia, nestas nossas grandes viagens, até penso em retomar um sonho de criança e me tornar um Firefighter, rs....

Abração!

Rogério

Ana Paula said...

Boa sorte com seus planos. A minha experiencia eh que enquanto nao chega aqui e ve de verdade como as coisas acontecem, os planos nao passam do papel... eu queria ter engravidado antes, mas so conseguimos este ano. No final das contas, eu acredito muito que tudo acontece no tempo certo - mesmo que nao seja o tempo do nosso planejamento.

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