Se alguém ainda se lembra de quando abriu a primeira conta corrente no Brasil sabe que sem histórico de crédito, poucas transações financeiras podem ser realizadas. Você não tem direito a cheque, o banco se recusa a te dar cartão de crédito, seu limite de cheque especial, quando existe, é ridículo, você paga todas as tarifas possíveis no maior valor existente, etc. Até que, de um dia pro outro, passados uns 6 meses ou 1 ano, dependendo da política do banco, você passa a receber cartão, seu limite aumenta, eles fazem de tudo para você pegar um talão de cheques. Pelo menos foi assim comigo e olha que abri uma conta salário no Banerj como servidora pública!
Não é diferente no Canadá. Mas enquanto eu tinha outras possibilidades por aqui (usar cheques de papai, cartão de crédito depentende, etc.), por lá só teremos dinheiro no banco e um cartão de débito em mãos. Financiamento... hummm... não sei, não. Já li por aí que até para assinar serviços como comprar um celular, por exemplo, é preciso deixar um cheque caução com a empresa até que passe o tempo de "quarentena". Passado esse período, você deve voltar em todas essas empresas para resgatar seu saudoso chequinho.
Não há dúvida que isso só dificulta a vida já tão conturbada de um imigrante recém-chegado. Para tentar contornar essa situação, existem algumas opções. A primeira, já bastante comentada no
grupo do Yahoo, é o cartão de crédito
Amex. Parece que, tendo um cartão ainda em terras brasileiras, o seu histórico de crédito será transferido para o Canadá. Daí, seu cartão Amex canadense será expedido como se você já fosse cliente há mais tempo.
Eu bem que tentei fazer o meu. Aliás, pensei que não fosse ter problemas, já que, além de já ter bastante crédito no Itaú, onde tenho conta, tenho dois cartões de créditos do Unibanco, já com um bom histórico. Além disso, quando você entra na página do Amex parece que é tudo muito simples. Não se engane, não é. Você precisa passar alguns documentos por fax para eles. Até aí, tudo bem. Eis que um mês depois de enviar a documentação, nada de o cartão chegar pelos Correios. Resolvo entrar em contato e sou informada que minha solicitação não foi aprovada. Por quê? Porque eles pediram informações minhas ao Itaú, mas meu banco, respeitando, claro, meu sigilo bancário, recusou-se a fornecê-las. A atendente me explicou que eu deveria entrar em contato com o Itaú e autorizar que as informações solicitadas pela Amex fossem fornecidas. Tá, tudo bem, mas quais informações vocês querem? Resposta: "Nós não podemos informar isso, senhora". Como assim eu não posso saber o que eles querem saber sobre mim?! Tô fora!
A outra opção é através do
HSBC, que é um banco internacional. Frustrada a primeira tentativa, resolvi recorrer a essa segunda e preenchi um formulário solicitando mais informações sobre abertura de conta em outro país e transferência de histórico de crédito. No dia seguinte pela manhã, um funcionário me ligou e explicou que basta abrir uma conta HSBC aqui que, quando abrirmos uma conta no Canadá, eles enviarão uma carta de recomendação para que nosso histórico de crédito aqui seja considerado lá.
Perguntei se eu poderia abrir já uma conta no Canadá e ele explicou que é possível, mas que contas sem movimentação lá nas terras geladas são encerradas por determinação legal e que não haveria necessidade de manter as duas antes de chegar lá, já que o crédito seria realmente transferido.
Ele sugere que se abra uma conta HSBC Premier (basta ter renda acima de R$ 8.000,00, sendo que pode juntar as rendas para abrir conta connjunta). A tarifa mensal dessa conta é R$ 39,00. Bem salgada, mas é a garantia de que você terá uma conta HSBC Premier no Canadá, pois cliente Premier é Premier em qualquer lugar do mundo. Daí, essa nova conta no Canadá não teria tarifa caso a conta brasileira seja mantida. Segundo ele, a conta Premier no Canadá tem uma tarifa que, convertida, daria mais do que os R$ 39,00 e que, então, vale a pena ter a conta aqui. Se você mantiver mais de R$ 50.000,00 investido, terá 50% de desconto nesse tarifa. E terá isenção total caso mantenha mais de R$ 100.000,00 em conta. Outra vantagem é que cliente Premier tem limite de saque internacional mais alto (500 dólares para sacar em qualquer ATM, mundo afora), além de não pagar pela operação (normalmente, a taxa é de R$ 8,00).
Mas não vá com muita sede ao pote porque nem tudo são flores, ainda mais quando envolve banco e dinheiro. A
Mariana já comentou no
blog da Andréa e do Eduardo que está muito insatisfeita com o HSBC, tanto que até pensam em encerrar a conta. Então, muito cuidado se você for abrir a sua e não esqueça de ler todas as letrinhas miúdas.
Abaixo, segue a íntegra do e-mail que recebi do HSBC com informações sobre as contas: