Friday, April 11, 2008

Angústia

Sabe quando você tem tanta coisa pra fazer que bate aquele desânimo de começar? Isso acontece muito comigo quando vou arrumar a casa, por exemplo. Olho em volta e é tanta coisa pra colocar no lugar, mas tanta coisa, que penso que nunca vou conseguir deixar tudo como eu quero mesmo e que, talvez, nem valha a pena começar. A sorte é que tem dias que eu acordo com bicho carpinteiro e saio arrumando tudo o que vejo pela frente, sem pensar se vou dar conta de tudo ou não.

O fato é que estou me sentindo meio assim em relação à imigração para o Canadá. É tanta coisa para pensar, para refletir, decidir, ponderar, tanta coisa que não deve ser esquecida, que deve ser planejada, pensada, que a sensação é que jamais darei (ou daremos) conta. Normalmente, segue-se a esse pensamento a jornada que temos pela frente até chegarmos ao ponto de equilíbrio financeiro que temos hoje novamente. Vai ser um caminho e tanto, sem a certeza de sucesso no final.

Talvez se o marido demonstrasse maior envolvimento no processo e eu me sentisse menos sozinha nesse barco, nadando contra a corrente, essa sensação fosse diminuída. Sumir acho que só acontecerá quando as coisas forem acontecendo e a gente for dando conta das pedras no caminho.

Com todas as pesquisas que já fiz, eu pelo menos sei as minhas opções quando chegar por lá. Apesar de não ter a menor idéia de como vou fazer para dar conta de conciliar tudo, já tenho alguma idéia do que preciso fazer. Sei que só vou conseguir emprego em "survival job" mesmo ou, na melhor das hipóteses, com muita sorte, ser uma "administrative clerk" ou, sonhando mais alto, uma "legal secretary", que é basicamente o que faço aqui. Enquanto trabalho em alguma dessas opções, vou ter que decidir entre fazer um curso de "Law Clerk/Paralegal" ou já começar a faculdade de Direito em "part-time". Isso tudo, claro, se eu não mudar de idéia até lá e resolver mesmo mudar de área, já que vou ter que começar do zero. Fora a língua, né? Eu tenho o curso completo da Cultura Inglesa. Foram 14 anos estudando inglês, mas não é a mesma coisa. Chegar lá e lidar com nativos, fazer o trabalho que eu faço aqui, por exemplo, em inglês, acho que eu mesma não me contrataria. Um dos meus fortes é revisar as peças, ler tudo com toda a atenção e questionar cada vírgula, hífen, parágrafo. Como fazer isso em inglês?

Já em relação ao marido, eu até já tentei pesquisar alguma coisa, mas como o trabalho que ele faz atualmente não tem um título definido, eu fico perdida, meio que procurando uma agulha no palheiro. Lá no fundo, trago uma esperança de, quem sabe, ele conseguir uma possibilidade ainda daqui, através de alguns poucos contatos (aliás, isso resolveria a grande angústia de resolver para onde vamos). Tenho confiança de que ele vai conseguir alguma coisa na área com muito mais facilidade do que eu, até porque ele está muito mais familiarizado com a língua. E aí, um dia, ele me pede ajuda sobre o mestrado e eu fico totalmente perdida nos sites das universidades, confundindo os conceitos de undergraduate, graduate studies, professional courses, etc. Fico ainda mais angustiada por não ter uma resposta na ponta da língua para dar a ele.

Junto a isso tudo, ainda tem esse sonho inexplicável de ter um filho - tá bom, marido, uma filha (inexplicável por ser tão antigo, forte e constante). E imaginar quando que isso, finalmente, será possível. Algumas pessoas me falar por aí que a vida é agora e que eu não devia ficar adiando e, às vezes, chego a concordar. Mas daí a razão vem e lembro que não faz sentido algum colocar esse plano em prática agora e todo o resto a perder por uma diferença de meses, ou ano, que seja. Penso que tudo já vai ser tão complicado que somar esse fator na operação dificultará ainda mais as coisas.

Enfim, é tanta coisa desconhecida, um caminho tão longo a ser trilhado... e angustiante não saber as respostas, desde o básico até o mais elaborado. Tenho desejado demais uma bola de cristal que me mostre o futuro dependendo das decisões que tomarmos. Mas não adianta. Ainda que papai-noel exista e me traga uma de presente, em dezembro várias dessas questões estarão sendo vividas na prática.

PS: Perdoem o desânimo, deve ser o tédio aqui no trabalho. Tomara que o bicho carpinteiro me acorde amanhã. :)

Thursday, April 10, 2008

Exames, passaporte... daqui a pouco serão as malas!

Nossa, hoje foi um dia produtivo! Depois de eu ter dado um pulo da cama às 6 da manhã pensando que já estávamos atrasados para o médico, marcado para às 09:30, levantamos na hora apropriada e lá fomos nós, com os formulários - em francês (!!!) - embaixo dos braços e as fotos 3X4.

Chegando lá, o médico, Dr. Alexandru, mesmo nos atendeu e encaminhou para o consultório. Sentamos e ele perguntou se era visto de trabalho, estudante, etc. Respondemos e ele comentou que vários casais foram lá essa semana também para o visto de imigração. Nós explicamos que o Consulado costuma liberar os pedidos ao mesmo tempo, por isso o aumento da demanda de uma hora pra outra.

A consulta mesmo é tranquilíssima. Ele checa sua altura, peso e pressão. Ouve a respiração e o coração. Verifica glândulas, barriga e olhou alguma coisa no tornozelo (talvez pra ver se estavam inchados, sei lá). Pergunta sobre medicamentos que você faz uso, a quais cirurgias já foi submetido (eu tinha uma pequena lista...), se já teve algum problema respiratório e pronto. Ele entrega o pedido do exame de urina (EAS, bem simples), de sangue (sífilis e HIV) e radiografia do tórax (acho que essa é a maior preocupação do governo canadense). Entrega também os formulários que devem ser assinados e carimbados pelo radiologista. Pagamos R$ 200,00 pela consulta cada um e marcamos o restante dos exames num laboratório conveniado com o nosso plano de saúde.

O engraçado foi que estávamos um pouco tensos com a pressão do Julio. Há uns meses, durante uma consulta, o médico dele mediu uma pressão bem alta. Só que ele nunca teve problema com isso antes, mas o médico se assustou e pediu uma série de exames. Daí, estávamos apreensivos. A minha pressão, pelo contrário, costuma ser 11 X 7 e, vira e mexe, eu estou "apagando" por aí. Eis que hoje a pressão do Julio estava no clássico 12 X 8 e, a minha, 13 X 8. Não chega a ser problema, mas foi muito estranho... Comentei com o médico que minha pressão é sempre baixa e ele disse que deve ser a "síndrome do jaleco" (as pessoas ficam nervosas no consultório e a pressão sobe). Aliás, o médico do Julio fez o mesmo comentário... Acho que eles nunca ouviram falar na "síndrome do Canadá"! Depois de mais de 16 meses aguardando por isso, acho que a culpa é do país e não do jaleco - rs.

Bom, para resumir, depois eu ainda fui tirar o passaporte para alterar pro nome de casada. Não tenho muito a dizer só que, apesar de estar demorado para conseguir agendar no site da Polícia Federal, uma vez agendado, é tudo muito simples. Os atendimentos são feitos na hora e é tudo bem rápido. Nem precisa de cópia de nada, nem de foto. Você mostra os documentos, tira a foto, coloca as impressões digitais pelo scanner e acabou. É só voltar lá pra buscar. Aliás, isso também ficou um pouco mais demorado, já que o meu só vai ficar pronto no dia 24.

Enfim, os exames complementares marcamos para sábado e, quando ficarem prontos, deixamos lá no Dr. Alexandru para que ele envie a Trinidad e Tobago (mais R$ 70,00 pelo sedex). É... parece que o visto está quase aí. Tem horas que dá alívio, mas daí penso que isso é só o começo, que o desafio, mesmo, ainda nem começou.

Hoje...

Passando aqui rapidinho só para dizer que estamos agora indo ao médico e, depois, ainda vou tirar o passaporte para colocar o nome de casada. Será um dia cheio! Quando der, escreve aqui sobre o exame.

Desde já, queria agradecer a todos os comentários deixados no post anterior e dizer que vou fazer contato com vocês para pegar mais dicas :) Estamos meio perdidos no assunto...

Tuesday, April 8, 2008

Mestrado no Canadá

Ontem, o marido chegou em casa com uma nova idéia: fazer mestrado no Canadá. Parece que dura um ano e, ao final, imaginamos que seja mais fácil conseguir um emprego na área, já que ele terá uma educação conhecida pelos canadenses. Só que, óbvio, nada é tão simples assim.

Se fosse possível conseguir uma bolsa boa o suficiente para substituir um salário, mesmo que de um "survival job", seria ótimo, mas, pelo que sei, não é o caso. Sendo assim, ele teria que trabalhar enquanto faz o mestrado. Aliás, a idéia do mestrado, segundo ele, é forçá-lo a não se acomodar, caso só encontre um "survival job" no início. Durante esse período ele estaria se preparando para algo melhor.

Para se inscrever num mestrado, é preciso apresentar uma série de documentos e eu pesquisei muito pouco sobre isso. O que sei é que será necessário o programa das disciplinas cursadas na faculdade aqui no Brasil. E, claro, isso deverá ser devidamente traduzido. Aliás, essa tradução só tem valor se feita por lá mesmo, né? Se eu estiver enganada, por favor, me avisem. Eu vejo algumas pessoas fazendo traduções juramentadas por aqui, mas já li em alguns lugares que só aceitam tradutores de lá. Além disso, será necessário comprovar o inglês com alguma prova reconhecida pela universidade pretendida.

Outra questão é o periodo para aplicação, que costuma ir até março para o ano letivo que começa em setembro. Ou seja, nós pretendemos chegar ao Canadá em setembro, com as aulas começando, mas, em regra, teremos que esperar até abrir o período de inscrições para o ano seguinte. Quanto às bolsas de estudo (para pagar o curso e para o sustento do estudante), não faço a menor idéia do caminho das pedras, nem se o valor delas é razoável. Se alguém tiver alguma luz, please, help!

Já eu, continuo na mesma indecisão entre fazer o curso de Law Clerk/Paralegal ou já entrar para a Faculdade de Direito. Somando-se a qualquer uma das opções o projeto de ter filho, que não estou mais disposta a adiar, e a necessidade de produzir algum dinheiro. Não vai ser fácil, mas isso é assunto para outro post.

Monday, April 7, 2008

Desejos Incompatíveis II

"Vai chover de novo
Deu na TV que o povo
Já se cansou
De tanto o céu desabar"

Antes de entrar no assunto do post, explico que estive ausente esses últimos dias porque o marido voltou e, claro, passei o final de semana curtindo a presença dele por aqui, no friozinho (quer dizer, o "frio" que faz aqui no Rio, né?), aproveitando a preguiça permitida do final de semana. Esse final de semana só me mantive fiel ao Projeto 365 days do Flickr.

Continuando o primeiro post sobre desejos incompatíveis, outra questão pra mim é o clima. É claro que o inverno canadense é o que assusta 99,99% dos imigrantes, pelo menos os vindos de terras tão tropicais quanto a nossa.

Ok, o inverno é frio, mas, ainda assim, as temperatuas variam de cidade para cidade. E não me venham com essa história de que abaixo de zero é tudo igual porque eu duvido muito que seja. Já estive a -10ºC (nem sei se chegou a -15ºC) e a -2ºC e o frio não é a mesma coisa coisíssima nenhuma!

Pelo que pude perceber, Alberta é uma província com temperaturas bem baixas, chegou a registrar sensação térmica de -50ºC esse ano! Enquanto isso, é famosa pelo céu azul, que, apesar de prometer dia ainda mais frio, garante uma luz no fim do túnel congelante que é o inverno. Ontário parece ter uma variação maior entre as cidades, já que, pelo que observo à distância, Ottawa é mais fria que Toronto. Quebec é mais fria que Ontário, mas não sei se chega aos mesmos níveis de Alberta. Já British Columbia tem temperaturas bem mais amenas, mas Vancouver, apesar de ir pouco abaixo de zero, é famosa pelas chuvas constantes. Halifax, segundo os sites de meterologia, não chega a extremos tão baixos quanto Toronto, mas faz temperaturas negativas por mais tempo.

E tudo começa a ser relativo, ainda mais quando se está de longe. Por exemplo, pelos números, chove praticamente igual aqui no Rio e em Vancouver. E o Rio não é conhecido por suas chuvas. Ou seja, chove mesmo muito lá ou é o povo que não está acostumado? Quem está em Toronto, diz que Halifax é mais fria, e vice-versa. Já vi gente em Calgary dizendo que em Quebec faz mais frio! Faz mesmo? O céu azul compensa o frio mais intenso? O fog de Halifax chega a deprimir? E a quantidade de neve? Onde é maior?

Pior, aqui no Rio eu não vou à praia há uns 5 anos, ou mais. E, quando me vejo pensando em ir pra Halifax, me pergunto se é possível entrar na água nas praias que têm por lá. Por que, do nada, isso passa a ser importante? Será que já estou pensando em compensar o inverno? Por exemplo, detesto o calor infernal aqui do Rio e, quando estive em Toronto, não gostei dos 40ºC que peguei por lá. Mas será que depois de tanta neve eu não vou adorar torrar ao sol? Humm... Em Halifax, pelas médias, dificilmente a temperatura chega a 30ºC. Normalmente, veria isso como uma boa característica, já que considero 23ºC a temperatura ideal, mas agora já estou achando que posso acabar sentindo falta de sentir calor!

Ser ou não ser, eis a questão!

Bom, só pro pessoal não ficar perdido, estou fazendo uma tabela com alguns números retirados de sites de meteorologia. Assim que terminar posto aqui.

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