Eu que me preocupo com tudo, sempre, desde a hora que cheguei em casa fiquei me ocupando com coisas diversas. Ficava repetindo: "não se preocupa, não se preocupa, se ocupa"! Assisti a um filme inteirinho, li e-mails, li blogs, pesquisei sobre Halifax, fofoquei no Orkut e nos fotologs, assisti ao Big Brother (argh!), fiz um jantar de verdade. E no final disso tudo, nada do marido dar sinal de vida. Já eram 23:30 e eu resolvi dar uma olhada no site da Infraero para acompanhar os vôos chegando no aeroporto. Aparecia a lista dos vôos chegando, sempre com um aviso de "previsto", "atrasado" ou "confirmado". E o vôo do marido, adivinhem! "Procure a cia aérea". Quem acompanhou os últimos desastres aéreos aqui no Brasil deve se lembrar que esse é exatamente o aviso dado quando algo de errado está acontecendo.
E o mantra na minha cabeça se repetindo. Entrei em mais alguns sites, ficava dando "atualizar" no site da Infraero, mas vocês devem ter idéia de como o tempo demora a passar numa situação dessas. Acabei resolvendo ligar para o balcão da Gol no aeroporto. Não atendia!!! Liguei para o balcão de informações da Infraero no aeroporto:
- Oi, eu gostaria de saber informações sobre o vôo Gol 1544, por favor.
- Só um minuto. (...) Está pedindo para procurar a companhia aérea, senhora.
- Pois é, eu já liguei, mas ninguém atende lá na Gol.
- Ah... é que a essa hora eles ficam só esperando o último vôo pousar para ir embora.
- Tá, e como eu faço para saber do vôo?
- Tem que esperar.
- (!!!) Tá... Mas o aeroporto aí está aberto para aterrissagens (é assim que escreve?)?
- Olha, eu não sei, não, senhora. Deve estar, sim, mas se bem que está chovendo muito agora, né?
- Como você não sabe disso? Como eu faço pra saber?
- A senhora tem que esperar pra ver se ele chega.
(!!!)
Tudo bem, né? O funcionário da Infraero no aeroporto não é obrigado a saber esse tipo de informação irrelevante, certo? O desespero foi aumentando por perceber que, na verdade, não sabiam do avião. Insisti mais umas tantas vezes no balcão da Gol e na central de atendimento ao cliente deles e, claro, não consigo falar com uma alma sequer. Acabei resolvendo ligar para a Central de Vendas (essa eles sempre atendem!) da Gol.
Primeiro, o rapaz disse que não tinha esse tipo de informação. Dei meu primeiro piti. Ele pediu um minuto e, em seguida, voltou dizendo que não tinha informações sobre esse vôo. Dei meu segundo piti. Depois de um tempo, ele me diz que o avião já posou fazia tempo, normalmente. Eu disse que dificilmente isso era verdade porque o Julio sempre me liga quando chega em solo pra dizer que está tudo bem. (Nesse momento eu já comecei a me preocupar mesmo, até porque, na cidade que vivemos, não é 100% seguro que você vai chegar em casa depois de pousar.) Dei meu piti número três. E aí, ele, finalmente, volta dizendo que o vôo vai pousar no Galeão em cinco minutos.
Nesse ponto eu já estava uma pilha só e, graças a Deus, imediatamente depois o Julio me liga pra dizer que tinha acabado de chegar. O lado dele da história, aliás, não é mais tranquilizador.
O piloto avisou que estava esperando um sinal da torre do Santos Dummont para poder descer. A torre dá o sinal, dizendo que tem condição de aterrisagem, o piloto começa o procedimento e, no meio do caminho, vê que não tem condições e volta a acelerar para retomar o vôo. Aguarda novo sinal, e, quando ele vem, a cena se repete, com o piloto fazendo uma super curva pra esquerda no momento que volta a acelerar. Depois, ele informa aos passageiros que vão ficar aguardando orientação quanto a pousar no Galeão ou não. Em último caso, diz ele, voltamos para Guarulhos. Finalmente autorizam o pouso no Galeão e meu maridinho chega a salvo.
Minha grande questão é: como a companhia aérea e a Infraero ficam sem notícia de um avião??? Como a torre de controle de um aeroporto não sabe avaliar se tem ou não condição de pouso?? Foi uma noite angustiante! Ainda bem que teve final feliz!
Para os que comentaram e se sensibilizaram com o que aconteceu ao casal que trabalhava aqui comigo, sinto informar que ela faleceu hoje pela manhã. Do jeito que estava, acho que foi melhor assim. A fragilidade da vida sempre me choca. :/